quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A voz do meu Silêncio

Hoje vou escrever-te Filipa. Porque me apetece.
Há uma coisa, que nunca percebeste. Vou-te contar agora, em silêncio. Como eu faço sempre.
A distância, não afasta as pessoas. Somos nós, que afastamos os nossos corações, e colocamos uma parede no meio da amizade, uma parede que no entanto é imaginária. Porque ingerimos a ideia de que a distância é sinónimo de ausência. O facto de estaremos longe, não significa que estejamos ausentes. Muito pelo contrário, e tu sabes isso como ninguém. Falávamos todos os dias, e no entanto se calhar o nosso laço de amizade era mais forte, do que provavelmente de outras pessoas da mesma família que vivessem na mesma casa, sem manter contacto. Isto foi um exemplo, mas acho que sabes onde quero chegar. Sempre tivemos uma para a outra, apesar de nos vermos 3 vezes por ano. A distância? Essa desculpa podias ter dado à dois séculos atrás.

Falo agora no passado, porque a nossa amizade adormeceu. Está em coma. Está sem forças para continuar a viver. Conseguiste anular a cumplicidade. Durante estes últimos meses, apoderou-se de mim vários sentimentos: Comecei por me desiludir. A seguir senti uma onda de raiva - se te visse, acho que te esbofeteava com toda a força. Depois senti tristeza. E a tristeza foi a fase que se alargou por mais tempo. A saudade, empurrou a tristeza. E com o tempo, foste-me ficando indiferente. Criaste em mim, um sentimento de indiferença.



Não foi como tu disseste, a distância que nos afastou. Foi o facto de teres mudado ou de te ter conhecido uma face tua, que eu desconhecia. Essa face que eu não aceito. Vai contra todos os meus valores, e passou por cima do sentimento que nos unia. Essa outra face egoísta, que age friamente, sem pensar nas consequências.


Desgastaste-me ao ponto, de me cansar de continuar a lutar por uma amizade que não iria resistir as tuas atitudes excêntricas, e egoístas. Em qualquer relação, seja ela de amor ou amizade, tem de haver tolerância, compreensão e esforço de ambas as partes. E eu fazia qualquer coisa, para te ver contente. Fazia de tudo, para não sentires a minha falta – tanto nas horas más, como nas horas felizes. Dei tudo o que podia, e o que não podia, e tu sabes que não estou a mentir. Tentei apagar as pegadas da desilusão, mas não consegui. O coração queria perdoar, mas a memória anulou por completo a vontade do coração. A confiança, quando se quebra já não se reconstrói. Pode-se reconstruir é uma ilusão da confiança. Mas essa, eu não quero.




Em qualquer relacionamento futuro, espero que continues a saber receber, mas também, que dês tanto quanto recebes. Espero também que, encontres o teu caminho, e que aprendas que as lamentações não te servem de muito, para andares para a frente. As lamentações só servem para parar o tempo. Vitimizares-te e desculpares-te com a tua vida, não é caminho. É desvio.



A vida fora do teu mundo - que insistes em fechar - é linda e muito curta para se perder com lamentações. Sabias que as insatisfações têm cura? A cura chama-se mudança. A mudança que ignoras. Para ti sempre foi mais fácil lamentares-te, e fugires dos obstáculos. Um verdadeiro guerreiro nunca foge da guerra. Luta pela vida, e não se importa de morrer a lutar. Porque morre pela mudança. Morre porque tentou. Ainda estás muito longe de ser uma guerreira, porque não te mexes. Continuas com essa postura apática ao mundo. Não ao teu mundo, mas ao mundo real. Onde existe guerras, e verdadeiros guerreiros, que lutam porque acreditam na mudança. E tu não acreditas. O que te move na vida, são pequenos nadas. Para ti, os sonhos nunca vão passar de sonhos. Vais continuar a ver a vida a passar-te ao lado, vais continuar a fechar a porta à coragem. O sentimento mais heróico que um ser humano pode ter. A coragem e a esperança - sua companheira de guerra - são as duas melhores armas que te podem acompanhar na vida.

 
Aqui está tudo o que não te disse, porque a minha voz não sabe ler o meu pensamento, e o meu pensamento não sabe ler o meu coração. Tudo o que é relacionado com sentimentos, eu não sei falar. Só sei escrever.



Não te posso dar mais nada, as palavras esgotaram-se. Adeus.





2 comentários:

  1. Ouvi o que escreves-te. Senti cada palvra, e queria conseguir escrever-te alguma coisa mas NAO ENCONTRO PALAVRAS.Ás vezes qudo estamos em silencio estamos a dizer mais do que se estivesse-mos a falar. e aqui te deixo o meu silencio. Deixaste-me com uma lagrima ao canto do olho com este texto, como acontece com a maioria das coisas que escreves, e só tenho uma coisa a dizer FOI ELA QUE PERDEU NAO TU e acredita que tenho pena que isso tenha acontecido porque eu sei o que ela significava para ti, e sei o peso da dor da desilusão e da perda ! LEMBRA-TE DISSO ! @

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  2. AH .. esqueci-me de dizer só mais uma coisinha. Agarra-te a tua amiga e companheira CORAGEM, que está la sempre, mesmo quando tu pensas que ela nao esta ! =)

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