terça-feira, 13 de abril de 2010

Das Cinzas

 
Eu não falo. Nunca falo. Por isso escrevo.
 É mais fácil, que as palavras falem por mim.
São o intermediário entre mim e o mundo.
Porque sim. E hoje, estou aqui.  
E escrevo somente para me ouvir. 




Sempre pensei que o teu silêncio fosse sinal de esquecimento, por isso nunca pensei que voltasses. Mas voltaste e pediste um lugar no meu regaço, para chorares - como nunca tinhas feito. E eu? Envolvi-te na minha atmosfera - aparentemente - feliz com um propósito: somente animar-te. Fazer com que não desistas daquilo que realmente te faz sorrir. Porque, é isso que importa. Sorrir. 
Mas eu - sempre ao contrário - chorei. 
Através de ti, lembrei-me daquilo que fui. E chorei, pela minha morte, e por não saber onde esconder as minhas cinzas. Apesar de ter conseguido renascer, as cinzas do que fui  anteriormente, que permaneciam à superfície da minha pele, ultrapassaram as veias, e chegaram ao coração.  Cinzas que desenterraram as recordações guardadas na minha outra página. Na minha outra história. Na minha outra vida. Chorei. Chorei baixinho. 

Em ti vi, o meu espelho. Tudo aquilo que eu fui.
Agora vê em mim, o teu futuro.
 
  

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